03/10/2025 –, Auditório
Linguagem: Português
Software não-livre subjuga usuários, e isso já é ruim, mas não é como se
não desse pra piorar. Quanto mais fácil for pra que outros imponham
suas escolhas de versões do software a um usuário, mais poderão
co(c)optar o software, ester[cç]ando-o e embo(s)tando-o para melhor
servir a si mesmos, em vez de ao usuário, e mais eles poderão
esca(n)galhar a computação do usuário. Isso ocorre com os sistemas
operacionais dominantes nas estações de trabalho e nas tornozeleiras de
bolso (espertinhomóveis), por conta de suas atualizações obrigatórias,
mas usuários ficam ainda mais sujeitos à embos(t)cada usando web apps
baixados de servidores alheios, contando com SaaSS, ou usando
dispositivos e eletrodomésticos IoT sob controle remoto. Mesmo usando
software local sem atualização automática, usuários podem ser enganados
ou coagidos a migrar para versões estrumentadas, inclusive de
microcódigo, firmware e controladores. Essas modalidades de adubação
orgânica são um emb[ou]ste, só podia dar no que dá! Mas será que basta
usar software livre pra desemerdar?
Isto é uma nova abordagem sobre
https://www.lx.oliva.nom.br/blog/draft/blob-fallacy, aproveitando
a noção agora popular de enshittificação, ou seja, o poder de um
prestador de serviços de atrair usuários a um serviço favorável,
aprisioná-los e então mudar o acordo, ao estilo Darth Vader, de
forma a tornar o serviço mais favorável ao prestador. Tendo
realizado que essa ameaça se aplica igualmente a software conectado
à Internet, e que se estende até a versões de software cuja adoção o
provedor está limitado a influenciar, junto a distribuidores e
usuários, notei que seria uma boa forma de mostrar a diferença
fundamental entre software embutido equivalente a um circuito, que é
basicamente não-enshittificável e não mais passível de objeção que
hardware caixa-preta, e firmware caixa-preta carregado pelo sistema
operacional, ainda que o potencial de enshittificação seja aumentado
quando terceiros conseguem impor suas escolhas de software.
Além de denunciar esse risco e mostrar como a indústria a tem
adotado, em detrimento dos usuários, desejo apontar que mesmo
software não-livre que não pode ser enshittificado subjuga usuários,
e que usar software livre para a sua computação não basta para
evitar o risco se você falhar em defender sua liberdade, por
exemplo, fazendo sua computação com SaaSS, usando sítios web
controlados por terceiros, ou outrossim permitindo que terceiros
forcem atualizações de software sobre você ou o aprisionem através
de seus dados (formatos de arquivo secretos) ou seu hardware
(computação traiçoeira).
Todos
Ativista de Software Livre. Laureado pela Free Software Foundation pelas contribuições para o Avanço do Software Livre. Palestrante e conselheiro do Projeto GNU. Conselheiro co-fundador da FSF América Latina. Co-mantenedor do GNU Linux-libre, IRPF-Livre, GNU Compiler Collection (GCC), GNU binutils e GNU libc. Engenheiro de Computação, Mestre e ex-doutorando em Ciências da Computação na Unicamp.